A Oclusão é a área da Medicina Dentária responsável pelo estudo e tratamento da oclusão dentária, ou seja, a maneira como os dentes contactam entre si nos movimentos de abertura e encerramento da boca, bem como o estudo, diagnóstico e tratamento das patologias da articulação temporo-mandibular (articulação da boca) e dos seus músculos associados. Por ser uma área com saber específico, existem hoje profissionais dedicados ao tratamento deste grupo de patologias que estão aptos a lidar diariamente com estas condições.
A Disfunção Temporo-Mandibulares (DTM) é um termo médico que abrange um grupo de diferentes doenças dos músculos da face, da articulação temporo-mandibular (articulação da boca), nervos e ligamentos associados. Estima-se que cerca de 50% da população sinta ou tenha sentido pelo menos um sintoma de DTM durante toda a vida, afectando mais mulheres do que homens numa proporção de 2:1 e tendo o seu pico de incidência entre os 20 e os 40 anos.
Entre os sinais e sintomas mais comuns incluem-se a dor nos músculos da face e do pescoço, ranger ou apertar os dentes, dores articulares que podem ser acompanhadas de sons como estalidos ou cliques, dificuldades em abrir ou fechar a boca, dores de cabeça, bem como também algumas queixas do foro otorrinolaringológico, como sejam os zumbidos ou a sensação de ouvido cheio. É hoje ainda comum que os doentes antes de consultarem um médico dentista com estas queixas consulte primeiro diferentes especialidades médicas sem que haja um diagnóstico ou tratamento das mesmas. É ainda frequente que o doente chegue já numa fase com sintomatologia agravada ou arrastada no tempo, podendo levar a fenómenos de dor crónica incapacitante, sendo esta já mediada pelo sistema nervoso central (SNC) e alterações profundas nos padrões do sono, levando ao absentismo laboral, fenómenos depressivos e isolamento social.
Hoje em dia a compreensão das diferentes DTM’s permite um tratamento cada vez mais diferenciado e eficaz com aumento do sucesso terapêutico e franca melhoria da qualidade de vida destes doentes. Sabe-se que o diagnóstico correcto destas patologias é essencialmente clínico, onde o médico dentista com dedicação em Oclusão e Disfunção Temporo-Mandibular realiza análises oclusais e funcionais, sendo por vezes auxiliado por exames complementares de diagnóstico onde se incluem a ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada por feixe cónico (TCFC).
O tratamento destas patologias vai depender do diagnóstico diferencial da DTM, podendo incluir goteiras oclusais de relaxamento ou reposicionamento, terapia farmacológica, terapia cognitivo-comportamental, punctura seca, fisioterapia específica para DTM’s e em casos mais avançados opções cirúrgicas minimamente invasivas. Tal como em todas as patologias relacionadas com a dor, o sucesso do tratamento das DTM’s assenta num diagnóstico clínico precoce e tratamento adequado à causa – quanto mais cedo, menos tratamentos serão necessários e maior é a taxa de sucesso.